
Metido num caso rocambolesco que não criou, ao ter sido brutalmente acusado de falta de profissionalismo por não se sentir confiante para dar o seu contributo à equipa, dado estar lesionado e precisar de tomar injecções para jogar sem dores, o jogador russo Marat Izmailov reagiu agora de forma muito contundente, arrasando Costinha e o médico Gomes Pereira.
Não com acusações disto ou daquilo, mas com factos. Ora,
os factos são sagrados.
Não tenho razões para não acreditar em Marat Izmailov, que até agora era um símbolo de profissionalismo e competência em Alvalade, jogando com sacrifício pessoal, nunca tendo levantado o mínimo problema no Sporting, apesar de ter como empresário o "terrível" Paulo Barbosa, já criticado aqui, noutros tempos, por causa de Miguel Veloso...
O "caso" Izmailov é de outra natureza. Assim como o túnel da Luz fez cair Hermínio Loureiro da presidência da Liga, o médico do Sporting, Gomes Pereira, e o director do futebol, Costinha, tropeçaram no joelho de Marat Izmailov que, para ser traduzido correctamente, fez questão de falar ao jornal russo "Sport Express". O tombo do director do futebol e do médico é muito grande. Porque é o tombo da autoridade e, sobretudo, da credibilidade.
A confirmar-se o que diz o atleta russo, Costinha perdeu toda a autoridade moral para falar e para impor rigor e disciplina no balneário leonino, embora possa alegar que não tinha toda a informação sobre a história clínica do atleta russo. Mas o médico, que afiançou há dias que Izmailov jamais jogara infiltrado, ficou com a sua credibilidade totalmente abalada, 10 anos depois de ter chegado.
O caso é grave. Dificilmente os três - director, médico e jogador - poderão continuar em Alvalade em simltâneo como se nada tivesse acontecido. O jogador é o elo mais fraco nesta história. No entanto, por incrível que pareça, só a continuidade do atleta no Sporting será menos gravosa para o clube e para o balneário.
Confirma-se, portanto, aquilo que o LEÃO DA ESTRELA já tinha escrito no dia em que o caso rebentou: Costinha, sedento de mostrar serviço à comunicação social, para informar quem manda, é que inventou este caso. Donde, castigar Izmailov com outra multa (outra?...), como escrevem os jornais, e vendê-lo a preço de saldo seria como limpar uma casa simplesmente empurrando o lixo para debaixo do tapete...
AS EXPLICAÇÕES DE IZMAILOV
"O que aconteceu não foi nada de especial, acontece em qualquer clube, foi situação profissional. A diferença é que foi tornada pública quando devia ter sido tratada dentro da equipa. Não gosto de estar a falar de assuntos internos, faço-o porque se referem a mim."
"O ano passado [21 de Julho de 2009] fui operado ao joelho e depois o clube tentou acelerar o processo de reabilitação para voltar a jogar. Quis jogar muito e os treinadores também contavam comigo, por isso foi necessário acelerar o processo. Quando voltei a jogar, joguei praticamente em todos os jogos e o joelho começou a doer."
"[O médico alemão que operou Izmailov] disse que se tivesse dores tinha de fazer um intervalo, parar um pouco. E se as dores não parassem até final da época teria de ser operado de novo."
"Antes de todos os jogos desta época recebia injecções analgésicas para acalmar as dores. (...)Chegou a uma altura que já não ajudavam, as dores eram insuportáveis."
"Após o jogo com o V. Guimarães não participei no treino de recuperação antes do jogo com o Atl. Madrid. Os médicos pediram-me para participar no treino, mas só fiz o aquecimento e depois saí porquesentia dores fortes. (..) Os médicos esperavam que pudesse participar no jogo com o Atl. Madrid, também queria muito jogar, são jogos raros numa carreira, foi por jogos destes que quis deixar o futebol russo."
"Na manhã do jogo [com o Atl. Madrid] fiz um teste ao joelho e senti que nada melhorou. Disse-o ao treinador e aos médicos. Depois fui chamado por Costinha, que disse que eu devia jogar. Respondi que quando um jogador participa num jogo sem poder ajudar a cem por cento os colegas isso é mau para a equipa. [Costinha] disse-me para recolher as minhas coisas, deixar a Academia e ir para casa."